trinta e um


Seis paredes trancafiando qualquer entusiasmo.
Em um L senil de extrema simetria com o que condiz de um corredor pouco iluminado. Traz ecos e ventania, recolhe lá de cima o ruído de gotas saltitando sem cair. Entre um roçar de pernas e latidos, agoniza como se não pudesse movimentar cada membro, no entanto, sente os dedos dos pés.
Da janela a fumaça invade fingindo ser claridade de um meio-dia insosso.
Nem fala por zelo, repete a mesma canção agregando sentido de si ao que quer só remar, não rimar, remar mesmo. Talvez na água que escorre da pia, no orvalho que acumula do lado de fora.
Almoça lembranças sem digerir meras situações, unindo sentenças ao encontro casual.
Engasga, suspira e quer descer escadas transgredindo dimensões.
Nudez não conquista vizinhos como lhe disseram. Agora já não há conselhos, só um sentir-se só que ganhou proporções de estar só.


Um comentário:

  1. Ótima escolha de música.
    Gosto muito de Caetano.
    Teu texto também foi uma ótima escolha de palavras,
    e expressão.
    tenha uma boa semana.
    Gabriel.

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