longe de xanthos


Estamos todos alucinados com o brilho dos olhos. É lindo e reconfortante sediar as incertezas e findar o que aborrece aqui nos arredores cerebrais, gigantesco e acolhedor mundo das ideias. No ritmo de uma balada suburbana com a melodia dos instintos mascarados, recuar e despejar um discurso altamente polido para aqueles sobreviventes da maleável realidade, os sobre-homens, que à mercê de qualquer migalha ainda se arrastam com dignidade de moribundos, exímios expectadores do caos que inicia em toda manhã e profissionais na arte de coadjuvantes.
Quatro paredes protegem do medo de milhares e no contraponto desse ápice de egoísmo e reclusão disponibilizam minutos ofegantes com os sintomas da síndrome venenosa do martírio revolucionário.
Sustentado por sua estirpe renomada e defensores inflamados, o superior refinado de queixo erguido e visão a priori não só caminha por entre seus semelhantes como sugere a todos que não é a coluna quem tem sustentado a máquina e sim suas nádegas propiciadoras de conforto para apreciação.
O superpoder deveria ultrapassar a tentativa de salvar toda a vida que age de si e dos ares de quero ser grande, apesar de ninguém derramar uma lágrima desde que os cartazes nesses corredores pregam a beleza de Sorrisos salvam vidas.
Alguém insatisfeito diz que somos de mentira e outro rima que estamos plastificados. Resta superestimar o que está aquém da rígida imperfeição e tropeçar no desgosto das desculpas feitas.
Esse entretenimento que imobiliza também cerca com grades de uma programação estipulada para adequar o animal incoerente que teima em querer instintos antes da deusa inovação e seus soldados do tudo fácil. Não mais sussurra que é preciso ter mais para se projetar “alguém”, o comando ficou explícito a todos os tutoriais de busca por felicidade instantânea, esta vendida em farmácias ou esquinas discretas de putrefação.
Por que rimos como se fosse sátira de fim de tarde?
É um alívio ir dormir podendo deitar, suspiros de satisfação por estar tão distante do lugar daquele estereotipado e fajuto morador da rua de todos nós.
Esse existencialismo que prega o Eu antes e depois de qualquer frase não emerge pela novidade do fim dos tempos, apenas recebe a notoriedade de ser tido como essencial. Sofrer pela falta de carinho e incompreensão dos malditos problemas da insônia decorrente de amores elaborados pela expectativa falha, esquecer que para dizer que os nervos cardíacos pulsam um tal de insaciável e pungente amor é preciso comer e parecer gente. E os que já calaram suas chagas não ignoram o sentimentalismo, só que o romantismo é quimera de quem pode deitar para dormir.
Dentro da jaula o ato sem plateia e pagamento ilude o bicho criado em cativeiro de que estamos salvos.

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