Com o passar do tempo

Tudo que é trágico costuma ser posterior a bonança.
Ciclo vicioso que nos prende aqui.
Reflexo da ilusão despedaçada pelo que foi dito em tom melódico. O que confortava tornou-se a lâmina.
Falsa vítima, ilustre carrasco.
O ato tem seu desenrolar oposto aos planos, contradição do que ditávamos como existência.
Mas de todo o discurso, a punhalada é o que resta, a fuga do abstrato.
Pretensão de fingir, escolha do fraco.
Porque após a queda, o que move essa estrutura é a falta de necessidade em continuar.
Dessas profundezas eu esperava emergir com as mesmas mãos que me mantinham imersa.
Desdenhando a visão, rejeitando a vida.
Alheia do que era físico, pude ver o que habita inconsciente em mim.
Se apegar é tão fácil, simples, conveniente.
E a cada lembrança das feições de humanidade que restava em mim, foi expelido.
Retornar deixou de ser uma opção.

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