dia desses

Havia um menino que andava por entre todos.
Porem poucos notavam sua presença, e desses a minoria se sensibilizava pelo fato de seu leito ser as ruas. Que com toda capacidade de ser gélida em noites tempestuosas, o aqueciam.
Aquele pobre corpo de criança, acompanhado de um olhar sorrateiro de quem presenciou o que há de mais sórdido nesse mundo quando não se tem ninguém, não se intitulava triste. Embora sua distração fosse o esforço de tentar conter trancafiado sua imensa e necessária vontade de chorar.
Mas haveria alguém para secá-las e privá-lo de crescer sem conhecer a tão bela infância?
Por entre lembranças não se encontrava vestígios de um pedido ou razão de estar ali sob tais condições. E não buscava raciocinar os motivos.
Seu íntimo sempre esteve em alerta para degolar suas fantasias e assombra-lo com a exposta inferioridade.
Em um corpo violado e sem cuidados não lhe era permitido carregar uma gota de fé. O que o sustentava e abrigava a sensata dor, era a inacabável e torturante fome.
Quando com muito esforço adormecia, o desejo de cessar o que havia em si o tomava.
Mas não se engane.
A esperança não existia ao suficiente para leva-lo a lugar algum.
A fumaça negra e asfixiante da desistência sempre o perseguiu, milimetrando seus passos. Porem até ontem quando o vi, não havia o derrubado.

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