Torná-lo vítima

Seus olhos transmitiam um abismo infinito de pura tristeza onde qualquer alma ficaria presa eternamente.
Seus lábios contorciam-se tentando implorar clemência, porem eram abafados por sua respiração ofegante.
E a cada intervalo de contração da dor de uma lâmina riscando sua pele, deixando escorrer o líquido vermelho de um fim de vida, seu corpo produzia uivos aterrorizantes aos ouvidos humanos.
O pavor substituiu qualquer sensação. Talvez o desespero a impedia de relutar, se mover contra o inimigo assustador.
Sua força se deteve em permanecer intacta e aguardar que a singela tortura acabasse.
E lentamente, a cada minuto passado seus sentidos foram dissolvidos com o nada do cessar das dúvidas.
O que a mantinha em contato com o humano a sua frente era o integral e complexo medo.
A desistência a deteve na tentativa de continuar, e o terror do massacre em si já não a acompanhava.
Realidade estava exposta na ultima lágrima derramada, que talvez aquecesse o corpo de um qualquer que de muito longe ela avistava.
A luz da cena foi apagada, a densa escuridão a consumiu. Tudo que havia nela adormeceu.

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