fico entre o delírio
de sentar no universo
na cara dele
e gozar
repetir que não estou bem
que me rejeito
mas a porta abre
tem um estacionamento
e a gargalhada ecoa
vem lá da minha cabeça
a mulher e o bebê se apavoram
meus amigos
perguntam se estou bem
se me droguei
enquanto caía do elevador
não é isso
tem um abacate estacionado
e imaginei o ben 10 no shopping
me impedindo de comprar seda
deixando o escapismo quieto
enquanto volto pra casa
uma menina me ordena não desperdiçar oportunidades
ela não sabe com quem está falando
nunca digo meu nome
era noite e todos sairam usando preto
querendo provar uns aos outros
menti que era maria
e calei o cara que tentou me beijar
você agora é otto, quero assim
mas vou deixar você falar
e nós não vamos
ficar brincando que gostei de ti.
me colocou contra a parede
segurou minhas mãos
alguém mandou ele ir embora
passou a noite inteira circulando o chão
onde estive sentada
na cara tinha raiva
achei graça e quase chamei-o pra cumprir o plano
mas sempre prefiro rir sozinha
me viu com outro
gritou que eu era muito idiota
obrigada, rapaz
mas esse aqui eu também não vou beijar
esse, vai perguntar se eu prefiro bovary ou carlota
meses depois
vai me levar pra casa dele
discutir política e chorar na frente dos amigos
me implorando pra não ser cruel
e ali vou estar muito triste e arrependida
afirmando que é não
vou levar no braço o macaquinho de pulso
guardar num lugar no quarto
onde eu possa sempre ver
e repetir
que os caras não podem
choramingar.
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