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cada um com sua páscoa

não tenho culpa se ele está comigo, tenho culpa quando deixo ele me tocar
não tenho culpa se você prefere ele, tenho muita culpa por você não preferir a mim
não tenho culpa se vocês não estão mais próximos, tenho culpa por trazer ele aqui pro meu lado
não tenho culpa quando tu me olha despejando culpa, tenho muita culpa quando tu não me olha
não tenho culpa se você não diz, tenho culpa quando deixo você dizer
não tenho culpa se ele quis tocar meus olhos, tenho culpa por sempre esperar os teus


escopo

rimo contigo sem colocar pronome
enquanto teus olhos terrosos
citam, grifam e exclamam
há terceira do singular
quando espero pela primeira
nas tuas imagens
teu preto e branco
através da lente

necessário, somente o necessário

de ti sempre doces
mas tu
minha cor favorita
tom de marrom
selvageria agradável
ferir e amansar
morder pra dar carinho
foi feito só pra contemplação
banir
arranhar tua barba
o queixo
sem o resto todo
tocando
gostando
tanto e tanto
precisamos sempre repetir
agredir com palavras e tocar com pudor
mas ali dentro e fora
queremos, não fazemos
recuamos e dormimos
cada um na sua cama
no seu quarto respirando o mesmo
por ser da própria farinha
do saco colorido da insistência
em proferir: não!
antes de jurar que o sim
é a preferência

sujeição do escape

enquanto tem
amor fina
enquanto penetra
amar guenta
a perna, você
adormece

ela, a vitória

fomos adversários na sinuca
você ganhou na partida
quando queria minha dupla

escaleno

o que é teu pra ele
tenho pra ti
ele tem
pra mim. Tu tens
pra ele.
alguém sempre
sobra
quando somos três

quereres

meses sem uma
palavra
depois
despeja poemas
contempla teu vazio
pega pelo meu braço
me sufoca lá dentro
comprime na parede
do teu peito
e foge

XXYYXX

triângulo preto e branco
como nossas conversas
no lugarzinho que todos querem
os que não estão no diálogo
queremos contato físico
mas tem aquele negócio de acordar amanhã
de estar sendo só convivência
escorre azedo do olho
preso na figura geométrica

pra constar

não te mandei um beijo
mandei mil abraços
os braços
e todo o inteiro

sesiones

me deixa quieta, não dê bom dia
nem avisa pra onde vai
não pergunta como estou
onde estou
e se estou indo
não ri do quanto consigo ser dramática
deixa eu escutar tua tosse do outro lado janela e fingir que não tô
ter dez anos novamente e me esconder embaixo da cama pra fingir fuga
não me interrompe enquanto minto pra todos e fumo escondida
me deixa em casa sozinha
não toma café comigo
não lê pra mim
tira esse óculos
coloca essa blusa
levanta esse jeans
joga fora tuas botinas que tanto gosto e fica sem barba pra trucidar o urso
não sorria ao meio dia
à meia noite
à meia boca
não seja essa conquista diária sem querer
ou querendo
foder comigo
foder tudinho
dos buracos ao coração
tu manterá estraçalhado

libre

fuma enquanto fala
a fumaça vai te engolindo
pigarreando as palavras
teu sorriso pede desculpas
e que eu repita teu nome
lacrimejando
vigia secretamente
sendo silêncio pela casa

meu nome é jorge regula

açougue tem cheiro de morte
com seus vidros fechados exala perfume
tuas mãos na minha perna
juntando cinzas de cigarro
impede que queime a roupa
mas deixa eu me queimar inteira
com a cor dos teus olhos